Este livro fala abundantemente de máquinas. Computadores e robôs, especialmente. Contudo, não de trata dos perigos e potencialidades das máquinas. Este livro é sobre pessoas. Sobre humanos em sociedade. Sobre o que somos capazes de querer e o que somos capazes de fazer com os meios que temos ao nosso alcance - assumindo que não devemos deixar-nos substituir na definição dos fins para que esses meios podem ser mobilizados. Este livro é sobre a possibilidade de que as sociedades em que vivemos sofram determinadas transformações que tornem apropriado dizer que elas são sociedades artificiais. Este trabalho é uma investigação em Filoso fia das Ciências do Artificial, incidindo sobre essa constelação de teorias e práticas cientí ficas que inclui, por exemplo, a Inteligência Artificial e a Nova Robótica. Quem esteja convencido de que há uns anos um computador venceu um campeão mundial de xadrez num torneio dessa modalidade deve ler este livro. Desde logo, porque vamos tentar mostrar-lhe que não deve estar assim tão seguro disso. Depois, porque deve querer saber que há equipas de robôs a ser preparadas para vencer a equipa campeã do mundo de futebol segundo os regulamentos oficiais da FIFA. Será divertido esse momento? Por muito desafiadora que seja essa perspectiva, talvez devesse ser mais assustador saber que há ramos das ciências sociais que pensam nos humanos como se fossem computadores, como calculadores impenitentes e moralmente indiferentes.