Nas aulas nunca falei de inspiração com convicção efectiva. Mas o que era aquilo que me dava um poema a cada passo, às vezes mais do que um ao mesmo tempo? Enquanto um deles se ia elaborando ao longo de horas ou dias, surgia um outro, que brotava pronto. E outro. E outro. Acordava e traduzia em palavras o que restava do sonho. O sol nascia, e era compelida a dizer o milagre do esplendor. A palavra possuía-me, transcendia-me. Obedeci-lhe e prestei-lhe culto.