Este trabalho analisa um conjunto de folhetos da literatura de cordel portuguesa do século XVIII sobre monstros. Para tal, procede a uma contextualização das práticas de leitura, assim como das implicações que o objecto impresso, nas suas múltiplas formas, tem na leitura que dele é efectuada. Situa ainda a produção em estudo num contexto mais alargado de publicações semelhantes, tanto na Europa como no Brasil, com vista a realçar afinidades com essas produções, assim como as especificidades dos folhetos publicados em Portugal. Reflecte sobre a localização da literatura de cordel no universo literário, neste caso, no âmbito das literaturas "não canónicas". Os textos em questão são apresentados, simultaneamente, como herdeiros de tradições culturais e literárias antiquíssimas e como formas embrionárias da literatura de massas que, a partir do século XIX, conhece um grande desenvolvimento com o sucesso de fórmulas editoriais semelhantes.