A Música Popular Brasileira constitui-se, ao longo do século XX, como instituição de peso na cultura brasileira. Junto com ela, constrói-se o papel social de compositor popular que, empunhando um violão e alguma poesia rabiscada num guardanapo, faz cantar uma simplicidade complexa, condensada numa melodia espontâneae assobiável. Contudo, tal papel está longe da gratuidade. Seus ocupantes devem ser versados numa linguagem própria da música popular. Por trás desta aparentearte espontânea, encontra-se a constituição de uma hierarquia própria, que organiza e classifica os sons e letras em posições mais ou menos valiosas, em que por vezes a espontaneidade é carta coringa. Trata-se aqui de analisar um pequeno trecho dessa história.