Atualmente vemos com mais frequencia estudos sobre história e cinema. Contudo, vale reforçar que a pesquisa encontrada neste livro, sobre o diretor de cinema Humberto Mauro (1897-1983), foi resultado de estudos de um historiador e cinéfilo, Eduardo Morettin, que analisa filmes com uma perspectiva histórica desde a década de 1980.A partir de dois filmes da década de 1930 - "Descobrimento do Brasil" e "Os Bandeirantes" - encomendados por representantes do governo Vargas ao grande cineasta da época, Humberto Mauro, Eduardo Morettin apresenta uma interpretaçao engajada em conceitos que norteiam os estudos da relaçao entre cinema e história. A pesquisa mostra de maneira o governo Vagas tentava controlar e padronizar a produçao cultural da época. A extensa análise de Eduardo Morettin exigiu um detalhado trabalho de reconstruçao do imaginário construído em torno dos "bandeirantes" e da "descoberta do Brasil" com a finalidade de estabelecer relaçoes entre os projetos ideológicos com os quais os filmes dialogam e o contexto em que foram produzidos. Desta maneira, Morettin nos mostra que a obra de Humberto Mauro é relevante para entender historicamente a era Vargas ao abordar questoes do passado fazendo conexoes com o presente. O pesquisador faz uma excelente análise sobre a participaçao, a proposta e a realizaçao dos filmes, de intelectuais e artistas como Villa Lobos e Roquette Pinto, que foram peças chave na construçao politica e cultural da época por isso, neste livro, Morettin se refere ao cinema como um lugar de memória e instrumento de entendimento do passado.