Fruto dessa banalização, a própria qualificação e extensão da pobreza é pouco conhecida. Ela é introjetada em nosso imaginário coletivo como algo natural, já que Estado e sociedade civil se sentem impotentes para resolvê-la. As cifras que apontam a pobreza - grau de subnutrição, habitações precárias, ausência de renda, analfabetismo - acabam por fragmentar o fenômeno, mais que clarificá-lo. Acaba-se mesmo esquecendo que a pobreza é decorrência de um modo de produção que engendra a exclusão e a desigualdade. Chega-se a inverter essa equação, entendendo a pobreza como violação e violência. A pobreza banalizada tem a vantagem de ser uma paisagem comum do cotidiano, aparentemente conhecida e sob controle. Camufla-se dessa forma a sua barbárie.